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Geral

Cabelos como temática de livros

Arte de Ogui/ @_Tiraz
O cabelo das mulheres é considerado um símbolo importante na construção da identidade, que ao longo do tempo vem sendo desconstruído como expressão de feminilidade. Mulheres se sentem mais à vontade para usar o cabelo do tamanho que quiserem e o padrão de beleza que diz que o bonito são os lisos, também passou por mudanças quando as crespas e cacheadas decidiram não mais alisar e assumir seu fio natural, demonstrando com isso um ato político de valorização e ressignificando o conceito de beleza.
Há diversos livros, principalmente infantis, que evidenciam o orgulho que devemos sentir pelo cabelo natural. Listo aqui quatro títulos que têm o cabelo como temática e evidenciam esse movimento de começar a sentir orgulho e ver beleza no cabelo natural.
Djamilia Pereira de Almeida é uma escritora nascida em Angola, que mudou-se para Portugal ainda nova. Esse cabelo (2017), foi publicado no Brasil pela editora Leya. No livro, a autora conta em primeira pessoa a relação que teve com seu cabelo desde criança à fase adulta, de como a família opinava sobre ele e faz isso a partir de suas vivências em Luanda e Portugal. Sua experiência pessoal enquanto mulher negra de cabelos crespos é muito parecida com as experiências das mulheres negras brasileiras.
Djaimilia Pereira de Almeida
“Julguei que me extinguiria nos outros, perdendo-me para a obscuridade de que tencionava resgatá-los, mas resta-me agora uma névoa retrospectiva de mim mesma, a minha própria ideia do meu cabelo” (Esse cabelo, p.84).
Publicado de forma independente pela em autora em 2014, Só por hoje vou deixar o meu cabelo em paz é um livro que conta com mais de cem poemas compostos de diferentes formas, mas que têm em comum a temática do cabelo.
Cristiane Sobral é natural do Rio de Janeiro e possui diversas e variadas publicações, dentre elas peças teatrais, contos e poemas, como também, participações em antologias .
Cristiane Sobral
“Não me iludo com o Brasil das novelas
Sonho com outras telas
Meu espelho é preto no preto
Meu reflexo brilha no escuro
A iluminar caminhos com escurecimentos necessários”.
(Estrofe do poema “Preto no preto”).
Talvez precisemos de um nome para isso- Stephanie Borges
O livro foi vencedor do IV Prêmio Cepe Nacional de Literatura 2018, gênero poesia. É composto por dez poemas que inovam na estrutura e têm como temática principal o cabelo, seja cacheado ou crespo e a partir dele são provocadas reflexões sobre questões que a mulher negra ou não-branca está envolvida.
Stephanie Borges trabalhou em editoras como Cosac Naify e Globo Livros. Publicou poemas nas revistas Garupa, Pessoa, Escamandro e A bacana. Traduziu Olhares Negros: raça e representação, de bell hooks; Irmã Outsider, de Audre Lorde (Autêntica, no prelo) e ensaios da poeta Claudia Rankine (Revista Serrote 28, Apocalipse?).
Stephanie Borges
“e o cafuné?
sim, você vai gostar de fazer
embora provavelmente
não saiba descrever a sensação
o entrelaçar nas espirais
seus dedos, a maciez
a pele delicada levemente oleosa
talvez precisemos de uma nome para isso”
(Estrofe do poema “I””.
Menina de tranças- Lilian Rocha
Publicado em 2018 pela editora Taverna, este é um livro de poemas que é dividido de modo a se acompanhar as diferentes fases da vida de uma menina que na medida em que cresça transforma-se em um mulher militante. Os poemas recuperam vivências afetivas e corporais de um eu-lírico racializado, evidenciando sua relação com o corpo e cabelo. Lilian Rocha nasceu em Porto Alegre. Autora dos livros A vida pulsa: poesias e reflexões (Alternativa, 2013), Negra soul (Alternativa, 2016), e Menina de tranças (Taverna, 2018). Coautora do livro Leli da Silva – Memórias: A importância da história oral (Alternativa, 2018). Coorganizadora da Antologia Sopapo poético – Pretessência (Libretos, 2016). Membro da Coordenação do Sarau Sopapo Poético, seus poemas são publicados em diversas antologias, publicações e redes sociais.
Lilian Rocha
“as mãos que tecem
tranças
tecem o fio
da história afrocentrada
com resilência, persistência e afeto
dando movimento à existência”
(Versos do poema “Tranças”).

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