Diário de Estudos: Tópicos em História, Cultura e Linguagens Afro-Brasileiras (Semana 4 e 5)
setembro 25, 2018![]() |
Mulher da imagem: Clementina de Jesus |
As
leituras sugeridas foram: “Legislação básica sobre a escravidão no Brasil”, de
Bandecchi; “O trato dos viventes: a formação do Brasil no Atlântico Sul” (Trechos
Selecionados, cap. 1,2, 3, 6 e 7), de Alencastro e “ A política da escravidão
na era da liberdade” (Ler seguindo o roteiro Introdução I e II e Conclusão I e
II), de Parront.
A
aula teve início com a exibição da música “Triste Bahia”, de Caetano Veloso,
que tem como inspiração o poema de mesmo título, de Gregório de Mattos e são
dois bons pontos de partida para se pensar o impacto do escravismo para a
economia brasileira e mundial, além de aspectos culturais dessa época.
Dos
textos indicados para leitura o que mais foi trabalhado foi o de Alencastro
porque contextualiza bem o século XVIII e faz uma retomada do funcionamento da colônia
e a relação Rio de Janeiro/Angola na negociação de escravizados.
A
aula seguinte a essa teve como tema norteador “Falares africanos no Brasil: passado e presente”. Começamos ouvindo
“O canto dos escravos”, de Clementina de Jesus. Depois de discutirmos sobre a
canção, falamos sobre os dois textos principais para essa aula: "Ladinos e boçais: o regime de línguas do
contrabando africano (1831 -c. 1850)", de Marcos Abreu Leitão de Almeida e “'Malungu,
ngoma vem!': África coberta e descoberta do Brasil”, de Robert W. Slenes.
O
texto de Slenes primeiro salienta a importância que os trabalhos de Rugendas
tiveram para que a Europa conhecesse os africanos que viviam no Brasil. Tendo isso
exposto, aborda a existência do proto-bantu, evidenciando que a língua bantu
tem vários pontos de conexão e exemplifica com palavras bantus, fazendo uma
retomada história de seus usos e significados ao longo do tempo.
O
texto de Almeida, por sua vez, vai fazer a diferenciação entre ladinos e boçais.
O primeiro termo referia-se às pessoas que eram falantes de português enquanto
o segundo era usado para designar quem não falava português. Depois da lei
Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos para o Brasil a partir de
1850, uma forma das autoridades diferenciarem quem era africano recém-chegado e
que, portanto, não poderiam ser escravizados, dos que já estavam no país, era
por meio do idioma, o que fazia com que muitos africanos que já estavam no
Brasil antes da lei, se passassem por “boçais” para fugir da escravidão. Houve
um caso muito famoso, que é o episódio da Ilha de Marambaia, que o texto aborda
detalhadamente.
São
textos muito interessantes para aprendermos sobre as influências linguísticas
oriundas dos diversos contatos entre os africanos de variados países e
percebermos como os contatos linguísticos eram também uma forma de sobrevivência.
Criei uma pasta no Drive para
disponibilizar os textos indicados para as aulas e textos complementares, de
modo que qualquer pessoa com o link possa acessá-los. Essa pasta será
alimentada com base na que o professor criou para o curso. A pasta pode ser
acessada clicando aqui.
1 comentários
Obrigada, Maria! Tava lendo seu diário e lembrando do Ale Santos (@Savagefiction no twitter). Daí pensei o quanto de registros, saberes e histórias que a gente tem e ainda assim não nos são dados de uma maneira fácil ou acessível, requer sempre um trabalho de ir atrás, de investigar e resistir... daí a importância do trabalho de pessoas como o Ale,que sempre trazem à tona esse tanto de conhecimento que tentaram apagar, e você que através do seu blog faz esses saberes e diálogos circularem (eu tô aqui, no RJ, longe e já fora da academia mas de certa forma me sinto participando da aula com você e isso é incrível! Valeu por tornar possível).
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