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Um, dois e já- Inés Bortagaray

Nesse livro acompanhamos a viagem de férias de uma família de seis pessoas para a praia: pai, mãe e quatro filhos. A viagem é feita de carro, um Renault 12 e a cada 200 quilômetros há um revezamento para que todos os filhos tenham a oportunidade de irem na janela.

A narrativa se dá em primeira pessoa pela filha do meio, de quem não sabemos nome ou idade exata, e dura até o momento em que chegam a seu destino. A menina conta coisas comuns, como sua preocupação com o pai bater o carro, sua relação com os irmãos, lembranças com suas amigas, numa tentativa de manter o tédio longe. Intercala o momento da narrativa com devaneios de acontecimentos anteriores, com frases curtas e repetições constantes, o que nos lembra o modo de se expressar das crianças, carregada de uma inocência e puerilidade que nos sensibiliza.

“Vejo a nuca do meu pai. Meu pai, que dirige o carro. (…) Dirige depressa, mas com cuidado. Travo o pino da porta dele. Agora sim, ele está a salvo. Eu também, porque meu pai não vai despencar na estrada, e vou continuar a ter pai, porque ele não vai despencar”. (p.9)

Não há clareza em relação a época em que a história se passa, mas através de algumas alusões, como palavras que a narradora ouve pelo rádio, “ministro, declarações, punitiva”, e manifestações pela democracia em que os pais estiveram presentes, podemos considerar que é durante o período de ditadura do Uruguai.

É um livro curto, com pouco menos de cem páginas e apesar da ausência de grandes acontecimentos e da perspectiva monótona do que é narrado, há seu valor: provocar uma identificação instantânea e nos fazer lembrar de episódios de nossa própria infância.

Fisicamente, o tamanho é pouco convencional, todas as folhas são coloridas, de um azul-água encantador, as letras possuem um bom tamanho e espaçamentos, pequenos detalhes que contribuem para uma experiência de leitura mais satisfatória, característica marcante da saudosa Cosac Naify.

7 Comentários

  • Responder
    Sora Seishin
    3 junho, 2016 em 22:28

    Oi Maria!
    Não conhecia esse livro, mas infelizmente ele também não me atraiu… Acho que gosto de histórias mais agitadas, e essa pareceu ser um pouco parada. Não sei se leria.

    Beijos,
    Sora – Meu Jardim de Livros

  • Responder
    Gislaine
    7 junho, 2016 em 11:51

    Oi Maria, tudo bem?
    Não conhecia o livro ainda, mas gostei de conhecer.
    Pelo visto não é um livro com ação e tudo o mais.
    Mas acredito que muitas vezes, um livro monótono, pode nos levar a muitas reflexões.
    Gostei de conferir sua opinião.
    Um beijão
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

  • Responder
    DESBRAVADORES DE LIVROS
    7 junho, 2016 em 11:51

    Olá, Maria.
    Não conhecia o livro, mas por ser da Cosac eu já daria uma chance. Eles não publicavam livros sem qualidade.
    Sua resenha convenceu-me definitivamente a ler a obra. Gosto dessas narrativas mais pueris, onde quem conta o enredo preocupa-se apenas com o momento, com os acontecimentos, sem contextualizar tudo mais.
    Ótima dica.

    Desbravador de Mundos – Participe do top comentarista de junho. Serão quatro livros e dois vencedores!

  • Responder
    Marcia Lopes Lopes
    3 julho, 2016 em 03:09

    Entendi perfeitamente o que vc disse. Acabei lembrando que quando éramos crianças eu e meu irmão Davi, íamos passar as ferias de fim de ano no interior de Paraná, e nossas brigas para ir na janela começava seis meses antes. rs Claro que durante a viagem eu sempre ia na janelinha. ha ha ha Era a mais velha. kkkk
    Bacana a resenha. Bjs

  • Responder
    Unknown
    3 julho, 2016 em 03:09

    Sua resenha me deixou meio em cima do muro sobre este livro. Normalmente sempre dou uma chance a livros da Cosac, os livros que eles publicam que li até hoje foram muito bons, mas pareceu um livro meio sem graça, fiquei meio em cima do muro rsrs

    http://madminds.weebly.com

  • Responder
    Evandro Atraentemente
    6 julho, 2016 em 00:14

    Engraçado como, muitas vezes, livros assim, aparentemente monótonos, carregam ou despertam uma grande carga de sentimentos. Tenho a sensação que esse pode ser um assim. Eu daria uma chance.

    atraentemente.blogspot.com

  • Responder
    Anônimo
    6 julho, 2016 em 00:14

    Eu não tinha lido nada sobre o livro mas achei essa proposta monótona dele extremamente intrigante. Gosto, ás vezes, quando não acontecem grandes "acontecimentos" mas a história é narrada de forma com que fique tudo interessante, haha! De qualquer forma, infelizmente não me interessei muito por ele a ponto de o comprar, mas se alguém pedir uma recomendação de um livro do tipo já sei qual indicar. Abraços! 😀

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