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#7SemanasComDavis – Semana 1

Essa é a primeira publicação do projeto #7SemanasComDavis, em que durante esse período trarei postagens referentes ao livro “Mulheres, Raça e Classe”, publicado originalmente em 1981 e no Brasil, em 2016, pela editora Boitempo (clique aqui para saber mais).

Essa postagem compreende 20 páginas (11-41), nas quais se encontram o prefácio à edição brasileira e o capítulo 1, intitulado “O legado da escravidão: parâmetros para uma nova condição da mulher”.
Djamila Ribeiro escreveu o prefácio da edição brasileira e nele faz uma breve apresentação de Angela Yvonne Davis e conta resumidamente como a autora foi presa acusada de estar envolvida em um atentado. Além disso, apresenta os assuntos que serão tratados ao longo do livro, como a escravidão e o que resultou desse período, principalmente para a mulher negra, o sistema carcerário e interseccionalidade entre raça, classe e gênero.

Já no capítulo em si, a autora cita diversos livros que têm como tema principal a escravidão, assunto que em 1970 voltou a ser debatido com vigor. No entanto, também aponta sua decepção ao constatar que havia poucas obras voltadas para a questão das mulheres escravas, estudos realmente profundos e que não caíssem no assunto tradicional de como se davam as relações entre as mulheres negras e os homens brancos.

“O sistema escravista definia o povo negro como propriedade. Já que as mulheres eram vista, não menos do que os homens, como unidades de trabalho lucrativas, para os proprietários de escravos elas poderiam ser desprovidas de gênero”. (p.17)

Num geral, as mulheres escravas eram obrigadas a desempenharem os mesmos trabalhos que os homens e também sofriam por seu gênero ao serem exploradas sexualmente por seus senhores. Ou seja, os senhores só se atentavam ao gênero de seus escravos quando lhes era conveniente.
As mulheres escravas não eram vistas como mães, mas como “reprodutoras”, de modo que seus filhos não lhes pertenciam, podiam ser separados e vendidos. Quando o tráfico de escravos começou a ser ameaçado, os senhores passaram a investir em escravas que pudessem “reproduzir” em grande quantidade, para que a população de escravos aumentasse mesmo com a interrupção do tráfico. Mas nem isso fazia com que as mulheres ficassem isentas dos trabalhos braçais nas lavouras, mesmo grávidas, em período de amamentação ou com bebês, eram obrigadas a trabalharem da mesma forma que os outros, caso contrário, eram castigadas a chicotadas.
A autora termina o capítulo falando sobre como a literatura escrita a cerca a escravidão minimizou ou não falou sobre o constante uso do estupro como prática coercitiva para oprimir as mulheres que resistiam bravamente, mostrando-se tão ou mais fortes que os homens negros. Davis exemplifica com “A Cabana do Pai Tomás”, de Harriet Beecher Stowe, que foi um dos livros responsáveis por atrair um grande número de pessoas para a causa antiescravagista, mas que apresenta a realidade dos escravos de modo inverosímel.

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2 Comentários

  • Responder
    RUDYNALVA
    4 fevereiro, 2017 em 23:58

    MariA!
    Bom ver que já prefácio teremos uma ideia do que encontraremos o livro, em como a autora foi presa por participar de um atentado.
    Ter a indicação de livros que falam sobre a escrevidão é um plus a mais.
    Acho um tremendo absurdo usar as mulheres negras para trabalhos forçados e ainda acharem que elas eram apenas reprodutoras, que poderiam estuprá-las e usá-las da forma que queriam.
    Fiquei bem interessada pela leitura do livro.
    Desejo um ótimo final de semana!
    “Um saber múltiplo não ensina a sabedoria.” (Heráclito)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de FEVEREIRO, livros + KIT DE MATERIAL ESCOLAR e 3 ganhadores, participem!

  • Responder
    Maria Ferreira- Impressões de Maria
    5 fevereiro, 2017 em 00:04

    Rudynalva, se você acha um tremendo absurdo isso que foi feito com as mulheres negras, piora saber que isso não é nem um terço do que elas passaram, infelizmente 🙁
    Obrigada pelo comentário.

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